Finados (reprise)


27 Out 2012


Finados

Celebram-se, na Comunidade Cristã e porque não noutras, aqueles que já foram, que já partiram, que já morreram- os Finados.

Parece pouco a existência de um dia para esta celebração, especialmente porque penso que o nosso calendário não tem um dia para a celebração dos que cá estão!

E perdoem-me se a palavra "celebração" fere algumas suscetibilidades.

"Celebrar" é enaltecer, fazer jus à qualidade do ser álmico que por aqui passou e deixou a sua marca. E parece que neste dia essa "marca" é vivida, lembrada por aqueles que cá estão, que sentem saudade e que recordam os bons e os maus momentos dos seus entes queridos.

Há culturas em que se dança e canta nos funerais dos falecidos porque acreditam que eles "foram desta para melhor"!

O respeito que a Morte impõe em muitos de nós deverá ser tão grandioso como o respeito pela Vida. E parece que há uma "vergonha" em relação a ambas. Falar da Morte, dos mortos, é tabu em alguns círculos.

Parece que falar dela é trazê-la até nós mais depressa; como uma coisa que se pega...
Desencantem-se!!! A Morte tem o seu momento, tal com a Vida!

Anseia-se pela Vida e foge-se da Morte. Mas se observarmos bem o que fazemos diariamente, se escarafuncharmos na nossa vida- entenda-se "Vida" organicamente- muitos de nós estão mortos! Andam por aí, ao sabor dos ventos, das tendências, das modas... Por isso, celebrar os Mortos fará sentido se esses finados, de facto, viveram!

Celebremos a vida de todos, para que o sentido de "viver" o seja, realmente, na nossa existência, aqui, neste Planeta, à beira deste Universo plantado!

O querido e saudoso Fernando Pessoa, na sua mensagem- sim, ele era um ser muito à frente e deixou-nos uma mensagem importante, uma incógnita ainda para muitos-, fala que a morte é como a curva na estrada que não se vislumbra, mas que está lá. Encaremos então a Morte como parte do nosso percurso de vida, sem medo, sem ansiedade. Ela é mais uma fase, um degrau na nossa evolução álmica. Não deixaremos de existir- Somos! Só mudamos de forma; a nossa essência não morre. Morre o corpo ; o veículo. É esta essência que devemos celebrar, nos vivos e nos mortos! Hoje e sempre!

E para que o medo da Morte se desvaneça, preenchamos a nossa vida com tudo o que somos. Vivamos!
Assim, a saudade, a dor, e tudo o mais terão outro valor!
















Comentários

Mensagens populares